Ele é o cara. Carisma. Sedução. Profissionalismo. Aos 66 anos, com mais de 50 filmes na carreira, aparecia como o número 1 na lista dos 25 melhores atores do século XXI do planeta, entre negros e brancos, homens e mulheres.
O que este artigo responde: Denzel Washington é um dos atores mais talentosos e influentes do século XXI? Quantos filmes na carreira de Denzel Washington? ,Como se define a versatilidade de Denzel Washington? Denzel Washington está na lista dos 25 melhores atores do século XXI do jornal The New York Times? Por que Denzel Washington é considerado um dos melhores atores? Denzel Washington já ganhou um Oscar? Denzel Washington é ativista? Quais personagens da vida real Denzel Washington interpretou?
A notícia
O jornalThe New York Timeselegeu os 25 melhores atores do século XXI. O primeiro colocado é Denzel Washington,ator de 66 anos que possui 53 filmes em seu “currículo”.
“Denzel Washington é um titã da tela e também um artesão sutil e sensível, com um sério treinamento de palco à moda antiga. Pode fazer vilania ou heroísmo. Faz com que atuar pareça respirar. Tem um certo tipo de autoridade masculina. Pode expressar vulnerabilidade angustiada, pairar sobre mundos como um patriarca do Velho Testamento. Interpreta magnificamente homens que não parecem exigir ou mesmo merecer amor”, esboçam AO Scott e Manohla Dargis, responsáveis pela elaboração da lista.
“Solto, sexy, assustador. Seu magnetismo aprofunda a tragédia de seu personagem; dá ao seu andar um ar de arrogância, mas também faz parte de sua fachada em ruínas. Talvez uma medida de seu poderio seja o quão consistentemente ele é melhor do que os filmes em que está. Em meio à extensa série de excelentes trabalhos – os treinadores e policiais, os gangsters e advogados – existem alguns monumentos que mostram esse talento imponente por completo.”
Militância no cinema…
Denzel Washington gosta de interpretar personagens orientados para objetivos e homens que causam uma impressão séria, com uma arma, extremos físicos ou palavras. Ele gosta de ficar grande. É uma estrela cuja carreira – em sua longevidade e domínio – é um corretivo e uma repreensão à indústria racista em que trabalha.
Denzel já viveu o ativista sul-africano Steve Biko em Cry Freedom (Um Grito de Liberdade), em 1987 – sua primeira grande oportunidade cinematográfica – e o líder revolucionário Malcom X, em 1992. Os dois personagens lhe valeram suas duas primeiras, de um total de nove indicações ao Oscar – maior prêmio do cinema mundial, respectivamente como ‘Melhor Ator Coadjuvante’ e ‘Melhor Ator’.
Para ser Malcom X, Denzel evitou comer carne de porco e fez aulas da Fruit of Islam, a ala de segurança e disciplina da Nação do Islã. Mas foi vivendo Trip, soldado em um batalhão inteiramente negro durante a guerra civil americana em Glory (Tempo de Glória), de 1989, que levou para casa sua primeira estatueta, a de Melhor Ator Coadjuvante.
Outra indicação como Melhor Ator, acontece quando “encarna” o pugilista Rubin ‘Hurricane’ Carter, acusado injustamente de ter participado de um duplo assassinato e encarcerado durante vinte anos até que um jovem fã, ao ler a sua autobiografia, tenta limpar o seu nome – mais um de seus filmes baseado na vida real de homens pretos, The Hurricane.
Duelo de Titãs(Remember the Titans), lançado em 2000, é também uma imersão nas tensões raciais reais vividas em 1971, na Virgínia, quando os Titãs – time de futebol americano da Escola T.C. Williams – vencem o campeonato estadual. O ator interpreta o treinador do time, Herman Boone.
Ativismo na veia
Em 2001, Denzel volta à cerimónia do Oscar pelo seu desempenho no policial Training Day (Dia de Treinamento), interpretando “Alonzo Harris”, um agente corrupto departamento de narcóticos.
O personagem nunca existiu, mas o ator negro Denzel Washington aproveita a oportunidade para – vida real – dedicar seu prêmio a Sidney Poitier, o primeiro ator negro a receber um Oscar, de Melhor Ator Coadjuvante, em 1963. homenageando-o pela carreira, na mesma noite única em que, pela primeira vez, a Academia de Cinema entrega seu prêmio máximo – de Melhor Ator e Melhor Atriz – a duas pessoas negras: ele e Halle Berry.
Quando era jovem, Denzel Washington não planejava ser ator: “Não via pessoas como eu nos filmes”, com a exceção de Sidney Poitier. E, registre-se: Denzel foi o segundo a ganhar na história do prêmio, com Glory, 36 anos depois!
O ator faz história também, em 2004, quando interpreta o soldado Ben Marco – na refilmagem de um sucesso dos anos 1960 – vivendo o papel que pertenceu a Frank Sinatra em The Manchurian Candidate(Sob o Domínio do Mal).
Feminista negro
Denzel não beija mulheres brancas em seus filmes, por respeito à mulher negra, por desaprovar a forma como atrizes negras são tratadas por Hollywood, como objetos, sem direito a afeto. Ele não tem a menor vontade de alimentar esse estereótipo.
Ao longo de sua carreira só aceitou viver relacionamentos afrocentrados no cinema.
O repórter Allison Samuels, da Newweek, em seu livro, Off the Record (Além das Câmeras, ainda sem tradução no Brasil), conta que o ator vetou as cenas mais tórridas com Julia Roberts, no filme O Dossiê Pelicano, de 1993.
“A indústria de cinema está constantemente procurando as estrelas mais novas. E para as mulheres negras é duplamente difícil.E para aquelas de pele mais escura, é ainda mais difícil”.
Beijos inter-raciais só se o roteiro justificar como em Malcom X, de 1992. O líder negro, na adolescência, adorava exibir a sua loura Sophia, como sinônimo de status e de poder.
Malcom e Sophia
Malcom X, talvez tenha sido o “professor” de Denzel no aprendizado sobre respeito à mulher negra. Aos 16 anos, o ainda Malcom Litle – seu nome de batismo – não era conhecido somente pela maneira extravagante de se vestir, e, sim, por andar com uma bela loura em um Cadillac, uma mulher branca, que não era prostituta.
A loura Sophia o fez abandonar Laura, a jovem negra com quem namorava, dedicada aos estudos, criada pela avó e que só saia de casa para frequentar a Igreja. Isso até conhecê-lo.
Malcom apresentou à Laura a vida noturna, da dança, da bebida, das drogas e a ignorou em troca da mulher branca. Quando a viu novamente – já como Malcom X -, ela se prostituía, vendendo o corpo em troca de entorpecentes.
Denzel e Pauletta
A vida amorosa de Denzel em nada se assemelha à de seu personagem. Ele está casado com a atriz Pauletta Washington desde 1983, que em nada também se parece com a Laura de Malcom.
Durante uma entrevista de TV, a mulher de Denzel, quando perguntada sobre ser mulher de um homem considerado “objeto de desejo”, muito tranquila respondeu:
“Estou segura de quem é Pauletta Washington. Minha mãe me criou de maneira a saber quem eu sou e, de fato, ele se casou comigo ciente disso”.
E conseguir casar com ela foi um desafio: três pedidos até ela responder “sim”.
Em entrevista ainda em 1996, Pauletta comentou no The Oprah Winfrey Show como o casamento deles foi uma obra do destino:
“Eu achava ele fofo, mas me apaixonei pelo espírito dele. E depois eu pensei: ‘Hm, não é um pacote ruim’”.
Os dois têm quatro filhos –Katia, os gêmeos Olivia e Malcolm e John David Washington, de Infiltrado na Klan e Tenet.
O romance começou em 1977, no primeiro filme dele, chamado Wilma. O longa, para TV, acompanhava a corredora Wilma Rudolph, que disputou as Olimpíadas de 1956. A protagonista era interpretada por Shirley Jo Finney. Denzel vivia o marido dela. Pauletta era outra corredora no longa – Mae Faggs, parceira de Wilma.
Os dois conversaram pela primeira vez na festa de uma amiga – mas ele chegou no fim da noite. No dia seguinte, Pauletta tinha que ir a uma peça e o destino agiu:
“Eu cheguei atrasada, tudo estava escuro. Eu entrei e sentei. Quando a peça acabou, as luzes acenderam. E, lá estava eu, ao lado dele”.
Em família
Denzel Hayes Washingtoné de Mount Vernon, Nova York. Nasceu em 28 de dezembro de 1954. Filho de um pastor protestante, é cristão praticante – em 1995, doou 2,5 milhões de dólares para ajudar projetos de construção da pentecostalnorte-americanaIgreja de Deus em Cristo.
Denzel é também o nome do médico que fez o seu parto.
Sua mãe, Lynne, era esteticista e tinha um salão de beleza.
Na sua vida, nenhum escândalo, nenhuma saída de tom, nenhum deslize.
Na sua vida acadêmica, Jornalismo – na Fordham University, quando se apaixonou pela arte de interpretar ao participar de produções de teatro estudantil. Após a formatura, durante um ano – e Teatro no American Conservatory Theater em São Francisco. Na época, ele trabalhava como supervisor noturno de um acampamento de verão.
Carreira para o sucesso
Sua estreia profissional acontece, primeiro, no teatro, na peça Wings of the Morning (Asas da Manhã). Depois, na TV, com o telefilme Wilma, em 1977.
O primeiro filme cinematográfico é uma comédia Carbon Copy (A Cara do Papai), de 1981. Mas esse gênero não é dos preferidos do ator e, desde então, só embarcou em mais três experiências do tipo.
O sucesso vem no papel do Dr. Philip Chandler na série médica St. Elsewhere, no ar na TV entre 1982-1987.
Os êxitos de bilheteria, que solidificam sua carreira, são: o suspense The Pelican Brief (O Dossiê Pelicano), o drama Filadélfia, o thrillerCrimson Tide (Maré Vermelha) e o filme de guerra Coragem Sob Fogo – todos dos anos 1990.
A trajetória de Denzel Washington equilibra, como poucas, o prestígio, o sucesso comercial. Há mais de 30 anos, ele encabeça o pelotão de atores e atrizes negro e negras. Derruba barreiras raciais, preconceitos e clichês, fazendo dinheiro e abrindo caminhos para quem vem atrás, como fez com Chadwick Boseman.
Além de ter pago os estudos do Pantera Negra, ator então novato, ajudou na produção de seu último filme, antes da morte em 2020, Ma Rainey’s Black Bottom, sobre a ‘mãe do blues’.
Produtor e diretor
A estreia de Denzel como diretor acontece em 2002 com o longa Antwone Fisher (Voltando a Viver), com a história de um jovem marinheiro de temperamento explosivo, que constantemente arruma confusão na Marinha. Neste filme, uniu dirigiu e atuou porque pensou que essa seria uma maneira de conseguir que o filme fosse financiado.
Depois, assina O Grande Desafio, de 2007, e Um Limite Entre Nós, filme que lhe valeu as indicações como Melhor Filme e Melhor Ator, quebrando o recorde como ator negro mais indicado ao Oscar com o total de sete indicações. Isso, em 2016.
Denzel também assina a direção do episódio The Sound of Silence, o nono da 12ª temporada de série Grey’s Anatomy, de 2015.
Nos anos 2010, estrela e produz os longas O Livro de Eli, e Protegendo o Inimigo, de 2012, no qual se submete a uma sessão de tortura que inclui afogamento.
Aliás, Denzel se entrega em todos os seus papéis. Em uma cena em Glory, onde ele é açoitado, as chicotadas foram reais – é claro que com um chicote especial, que não cortasse a pele. E foi real, também, a lágrima em seu rosto, na tomada final, não planejada no roteiro.
Maratona
Ao todo, são 53 filmes! Informação de março de 2021. E muitos prêmios. Além de dois Oscares da Academia; um Tony, o mais prestigioso prêmio de teatro; um SAG Awards, de desempenhos excepcionais em cinema e televisão; um Screen Actors Guild, e três Globo’s de Ouro, de melhores profissionais de cinema e televisão no mundo – todas premiações americanas – , Denzel conquistou o britânico Prêmio BAFTA – Stanley Kubrick, pelo conjunto da obra.
Para a maratona, entre indicados, premiados e outros, vale ver ou rever: Um Limite Ente Nós – um dos poucos longa-metragens, que não precisou de um personagem branco para atrair o grande público aos cinemas -, Mississippi Masala, O Grande Desafio, Por Um Triz, Chamas da Vingança, O Plano Perfeito, Déjà Vu, O Gângster, O Sequestro do Metrô 123, Um Ato de Coragem e O Colecionador de Ossos.
Sobre o The New York Times
O The New York Times, que elegeu Denzel Washington o melhor ator do século XXI,é o jornal diário dos Estados Unidos, fundado e publicado continuamente emNova Yorkdesde 18 de Setembro de 1851, pela The New York Times Company, vencedor de prêmios 117Pulitzer, de excelência na área do jornalismo, literatura e composição musical.
Denzel Washington é o nº 1. Depois dele, pela ordem, os outros 24 atores e atrizes que compõem a lista dos 25 melhores, estão: Isabelle Huppert, Daniel Day-Lewis, Keanu Reeves, Nicole Kidman, Song Kang Ho, Toni Servillo, Zhao Tao, Viola Davis, Saoirse Ronan, Juliane Moore, Joaquin Phoenix, Tilda Swinton, Oscar Isaac, Michael B. Jordan, Kim Min-hee, Alfre Woodard, Willem Dafoe, Wes Studi, Rob Morgan, Catherine Deneuve, Melissa McCarthy, Mahershala Ali, Sonia Braga e Gael García Berhal.
A lista foi elaborada por AO Scott e Manohla Dargis e para elaborá-la, os críticos de cinema se concentraram neste século e para além de Hollywood. Manohla é cinco vezes finalista do Prêmio Pulitzer de Crítica.
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Fontes: Jornal The New York Times, Wikipédia, Uol, fatosdesconhecidos.com, Famous Birthdays, Todos Negros do Mundo
Escrito em março de 2021